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Construindo Pontes Entre as Gerações

Por: Luiz Montanini

Atravessando Pontes em Conjunto Com a Nova Geração
Ademir Ifanger

“O projeto eterno de Deus propõe continuidade nas gerações, jamais ruptura. Portanto, cabe aos mais experientes na igreja o papel de construir pontes de transição entre gerações, tendo sempre o cuidado e a coragem de destruí-las imediatamente após a travessia, para não correr o risco de, ao primeiro obstáculo, retroceder ou permitir que outros retrocedam a modelos antigos que um dia foram fundamentais, mas, hoje, tornaram-se obsoletos ou pedra de tropeço ao surgimento da igreja gloriosa.” Esta é uma das reflexões a respeito do tema sucessão de Ademir Ifanger, pastor mais experiente do presbitério formado por outros três pastores da Igreja Menonita em Valinhos, SP, e que tem servido no auxílio a outros líderes em diversas localidades.

A bem da verdade, Ademir não faz uso da palavra sucessão. Se o fizesse, contradiria o parágrafo acima que fala em continuidade nas gerações. Ele prefere dizer que, à igreja de hoje, compete preparar a de amanhã, e que a solução para que não haja um abismo entre a nova e a antiga geração é a antiga dispor-se a atravessar a ponte de transição juntamente com a nova, depois de prepará-la adequadamente para isso, e a nova aceitar com gratidão essa companhia.

Infelizmente, mesmo na igreja, alguns jovens consideram os mais experientes como dinossauros do evangelho e os desprezam. Pena. Deveriam, isto sim, receber a contribuição de bom grado, justamente pelo fato de ser “jurássica”, porque ali há ouro puro, forjado ao longo de anos no caminho. “É fundamental que o homem de Deus mais experiente vá junto, como exemplo, e que o mais novo espere e não se precipite, a fim de evitar problemas desnecessários pelos quais o primeiro já passou e o segundo nem sequer sabe que existem”, observa Ifanger.

Ele explica que os discípulos fazem o que aprendem com seus mestres, pais espirituais ou mentores. “O fazer era a referência do ensino de Jesus. Por essa razão, o discipulador deve ir junto e ser exemplo sempre. Os discípulos serão com os outros o que somos com eles. Se os tratarmos como companheiros de jornada, como Neemias tratou os seus no capítulo dois do livro que traz seu nome, teremos a chance de transmitir-lhes nosso peso e missão. Assim os encorajamos a assumir conosco os desafios futuros.”

O Desafio de Passar e Receber o Bastão
Jamê Nobre

Muitas pessoas no Brasil e no exterior conhecem Jamê Nobre. Ele transita em vários ambientes e sempre traz uma palavra desafiadora e profética para a igreja. Nos últimos dois anos, tem sido como que convocado a falar a respeito da urgência de se preparar a nova geração. A experiência adquirida na transição que tem feito em Jundiaí, SP, autoriza-o a tratar do assunto. Até há algum tempo, Jamê segurava as rodinhas de segurança da bicicleta do presbitério local. Mas foi soltando-as até o momento em que passou a segurar apenas o selim que os mantinha equilibrados. E, quando menos os meninos esperavam, Jamê os soltou, e lá foram eles para uma nova jornada, dispostos a aventurar-se, porque sabiam que sempre seriam seguidos de perto pelo pai de todas as horas, um nobre porto seguro.

Nos parágrafos a seguir, Jamê utiliza as peculiaridades da conhecida figura da corrida de revezamento para ilustrar tanto a vida cristã quanto o processo de sucessão na igreja.

– Assim como a de revezamento, a corrida cristã não começou em nós, nem terminará em nós. Precisamos ter a capacidade para receber o bastão, pois, nesse momento crítico, podemos fazer nossos companheiros perder a corrida.

– É preciso saber receber o bastão. Se a mão não estiver na disposição apropriada, será muito difícil tomar o bastão. Isso significa que não podemos ter uma postura irresponsável, tampouco displicente.

– Muitas corridas (obras) se perderam, porque aqueles que deveriam continuar o trabalho não souberam receber ou se comportaram como se estivessem numa corrida solitária, quando estavam em uma corrida de revezamento. Tiveram uma atitude de pioneirismo quando não eram pioneiros. Removeram os marcos antigos e desprezaram os pequenos começos. Não souberam valorizar as experiências passadas, desprezaram as cãs. Por causa disso, fizeram algo elementar: repetiram erros.

– Os nossos pastores, que a Bíblia chama de guias, pagaram um preço, sofreram sua parte nesse ministério. Por mais quadrados que possam parecer, foram eles que criaram as condições para estarmos hoje aqui.

Jamê nos alerta também de que, nessa corrida de revezamento, precisamos ter consciência de que, talvez, não sejamos nós que cruzemos a linha de chegada. “Isso poderá ser decepcionante se não entendermos que estamos em uma equipe, e que o fracasso de meu irmão é meu fracasso. Por isso, devo me esforçar para cumprir cabalmente a minha parte, correr o melhor possível no meu turno e torcer para o meu sucessor. Seria uma tragédia se o atleta passasse o bastão e, depois, torcesse para que o sucessor falhasse, somente para demonstrar que ele corre melhor, e que sua técnica é mais eficiente.”

“Não importam questões como estilo, forma, etc.; o que importa é que meu sucessor alcance o alvo. Temos uma nuvem de testemunhas que nos entregaram o bastão, e agora fazemos parte de uma nuvem de testemunhas que torcem para que os nossos filhos vençam”, observa.

“A glória de cruzar a linha não será nossa”, destaca. “Por isso, devemos estar preparados para alegrar-nos com a vitória alcançada por aquele que nos sucede, mas descansar sabendo que houve ali um trabalho de equipe.”

“E, ainda, precisamos manter o foco”, lembra o pregador. “Muitos atletas perderam a corrida porque olharam para trás. Não podemos desviar o nosso olhar em nenhum momento. Parafraseando a Escritura, aquele que põe a mão no bastão e olha para trás não é digno de cruzar a linha de chegada. Não conseguirá!”

Jamê Nobre relaciona alguns cuidados no revezamento, como de manter um bom relacionamento entre os atletas para que nenhum sentimento perturbe a corrida. “Precisamos uns dos outros, cuidar uns dos outros, torcer e orar uns pelos outros, honrar e considerar os outros superiores, sem esperarmos ser honrados. O que importa é a vida de meu irmão, companheiro de jugo, e não eu próprio. Preciso aprender a trabalhar para que meu irmão seja bem-sucedido, até às minhas custas. Precisamos proteger nossos irmãos porque somos responsáveis por eles.”

“Visitas mútuas, orar junto, não aceitar comentários contra os companheiros são a parte mais importante do serviço que prestamos na igreja”, lembra Jamê. E finaliza: “Tenho a clareza de que o nosso relacionamento com os outros pastores/atletas e o relacionamento em nossa casa com aqueles que estamos formando para serem atletas como nós são os relacionamentos mais importantes da vida da igreja. Se falhamos nessas duas coisas, na família e entre nossos irmãos de ministério, falhamos em tudo o mais”.
Obs. Atualmente quatro igrejas diferentes, dentre as quais essa que era pastoreada por Jamê Nobre, estão se reunindo em um mesmo local, com uma liderança unida, dando sequência a um processo de fusão que começou há mais de quatro anos.

Investindo em Pessoas, Não em Métodos
Christian Romo

Nos últimos anos, uma palavra recorrente do pastor Christian Romo em suas viagens para servir ministérios e igrejas no exterior e em sua própria igreja, em Concepción, Chile, enfatiza a necessidade de se preparar e investir em novas gerações. Na sua própria igreja, Christian tem escolhido irmãos, cheios do Espírito Santo, e os ensinado a dar continuidade ao trabalho. Christian tem algumas lições e reflexões significativas sobre esse tema. Veja algumas a seguir.

– A igreja tem procurado os melhores métodos, mas Deus busca os melhores homens. Portanto, precisamos ter claro em que queremos investir: em métodos, em programas ou em vidas?

– A próxima geração será poderosa em Deus, e isso depende de nós. Estamos prontos para passar o bastão e ficar um pouco para trás?

– Precisamos deixar os temores e lançar as flechas antes que seja tarde.

Christian enfatiza a importância de que a sucessão nas igrejas seja efetivamente espiritual com este exemplo: “Nas empresas, tudo está planejado e estruturado, e as pessoas são dispensáveis. Se uma faltar, a outra dá continuidade, e o trabalho continua padronizado, sem mudanças. Mas, com Deus, não é assim. Ele tem um objetivo e enfatiza pessoas, de forma tal que cada uma lhe é peculiar. Não há ninguém parecido ou padronizado. Se uma pessoa desiste, ele mantém seu propósito e chegará ao mesmo objetivo, mas de outra forma do que se fosse com aquela primeira pessoa. O que acontecerá é que a contribuição da pessoa que desistiu não aparecerá. A nós, compete então investir nesses talentos para que cumpram seus propósitos diante de Deus”.

Luiz Montanini faz parte do Conselho Editorial da revista Impacto. Casado, tem três filhos, jornalista e um dos pastores numa comunidade em Valinhos, SP.

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